Defendida por uns, odiada por outros, a espécie Eucalyptus gera polêmica pelo país. E as teses que defendem o seu plantio apresentam argumentos, no mínimo, estranhos, já que analisam a produção apenas sob a ótica capitalista.
O professor Walter de Paula Lima, ao defender essa espécie no artigo “
O eucalipto seca o solo?”, afirmou que esse plantio não gera um deserto verde. Mas por que, então, o solo seca? Segundo o professor, em uma macro escala essa conseqüência seria atribuída às mudanças climáticas. Já em uma micro escala, onde ocorrem as ações de manejo, o culpado da seca seria o homem – que planta, colhe, destrói, desmata, preserva, compacta o solo, abre estradas, soterra nascentes, faz monoculturas extensas, planta até na beira do riacho.
Dessa forma, o eucalipto seria apenas o bode expiatório desse processo. Críticas à parte, o autor dessa obra-prima culpa o vilão do momento – o efeito estufa – e o homem - mas não de maneira genérica; o autor desse texto condena o agricultor, que sem um real incentivo do
governo acaba caindo em programas como o fomento florestal – e esquece de falar das empresas que financiam esse tipo de
programa.
Outra pérola literária é o artigo “
O eucalipto não é vilão”, do professor peruano Marc Dourojeami. Segundo ele, os ambientalistas que criticam esse plantio sofrem de um persistente trauma mental. Ele também chama a atenção ao fato de que alguns ambientalistas se preocupem tanto com o eucalipto e não com os impactos de tantas outras plantas exóticas cultivadas, como o café, a cana-de-açúcar e também a soja, que ocupam espaços muitas vezes maiores que o eucalipto. (Mas é claro, Dourojeami não se alimenta, vive de eucalipto!) O professor afirma que a espécie é muito resistente a pragas e enfermidades, de rápido crescimento e altamente produtiva. (Produtiva e lucrativa pra quem?)
Como o professor Walter de Paula Lima, Dourojeami também acredita que o maior espaçamento entre árvores é um fator que contribui para facilitar a conservação da biodiversidade. (Alguém, por favor, pode me mostrar a biodiversidade apresentada na foto?)
Marc Dourojeami finaliza: “Ainda assim, o eucalipto é uma árvore bendita e, nem os ambientalistas se atrevem a falar mal dela em voz alta, embora, em surdina, reclamam que, no lugar do eucalipto, deveria se promover o plantio de espécies nativas (Polylepis e Buddleia) e isso realmente está sendo feito. Só que, o eucalipto se desenvolve de três a cinco vezes mais rápido e oferece toras retas ao invés de madeira retorta.” (Dois pontos pra refletir: ‘árvore bendita’ e ‘ao invés de madeira retorta’.)