
James Lovelock*, renomado cientista ambiental britânico que em 1979 lançou a hipótese de Gaia, e o teólogo e ecologista brasileiro Leonardo Boff afirmam que a Terra corre perigo.
O alerta já foi dado: a Terra está extremamente doente. Lovelock diz que a atual febre do planeta pode transformar-se num coma, pois os indicadores do aquecimento são assustadores. Na medida em que o século avança, as temperaturas subirão oito graus nas zonas temperadas e cinco graus nos trópicos. As zonas tropicais, agora desertificadas, e as florestas dizimadas perderão sua função reguladora. A Terra entrará na zona de graves distúrbios.
Leonardo Boff aponta a interferência humana de forma excessiva e irresponsável nos ritmos da natureza como causadora desse problema, já que antes a Terra, sozinha, regulava seus climas. Assim, as formas de destruição provocadas pelo homem - como queimadas, uso de poluentes, devastação da mata nativa - são extremante prejudiciais à saúde do planeta. Basta observar o exemplo da Amazônia.
A teoria darwiniana tem sua parcela de culpa nesse descuido, já que ela restringe-se a evolução somente aos organismos vivos, não incluindo a Terra nesse grupo. Boff afirma que se Darwin tivesse percebido que a evolução é de toda a superfície terrestre, teria sido outro o destino da ciência e de nossa consciência sobre a Terra. “Cuidaríamos dela como algo vivo”. Para Boff, não somos apenas a doença da Terra; somos também seu sistema nervoso central e devemos amá-la e protegê-la.
*James Lovelock, autor da hipótese de Gaia – segundo a qual a Terra comporta-se como um organismo vivo - lança este mês, no Reino Unido, seu novo livro "A Vingança de Gaia”.