Só um grão de esperança
Jamais terei acesso aos laboratórios da Nasa,
de onde saiu o telescópio Hubbe
para fotografar, com emocionante nitidez,
a luz fossilizada dos primeiros
estilhaços do Big-Bang.
Jamais me entregarão os segredos do Pentágono,
escondidos em desvãos soturnos.
Padeci muito para rastejar na história
do tempo contada por Hawking.
Não sei como desativar a ogiva de um foguete.
Mas sei que preciso fazer a minha parte
para evitar a catástrofe.
Amo este lugar chamado Terra.
Apesar de todas as ferocidades
que irrompem do seu chão,
sobem das águas,
tubérculos plantados no coração da vida
pelo desamor do homem, animal
que cada dia mais desaprende o amor.
Sou apenas um caboclo que gosta de cantar
com as crianças e os pássaros da floresta.
Gosta de conversar com as estrelas,
ouvir as histórias do vento
e de aprender as sílabas da água.
Outra coisa não tenho além do canto,
feito só de palavras e de esperança.
Thiago de Mello (1926- )
1 Comments:
o blog é jornalístico ou literário?
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